Material didático


Como citar o texto a seguir:
IGAYARA, Susana Cecília. Estudo de Repertório: informações sobre o autor e a obra. Material didático de apoio ao curso "Repertório Coral através das formas fundamentais - CMU0521". Departamento de Música. Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009. Revisão: 2011.

Veja na página inicial informações sobre os objetivos deste texto. 
____________________________________________________

Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes – Departamento de Música
Repertório Coral Através das Formas Fundamentais
Professora Susana Cecília Igayara

ESTUDO DE REPERTÓRIO: INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR E A OBRA


A)    Informações sobre o(s) autor(es)

Autor da música ou da melodia original:
Nascimento: Local – Data:
Morte: Local – Data:
Arranjador/ Adaptador/ Harmonizador:
Nascimento: Local – Data:
Morte: Local – Data:


Detalhamento: Biografia do autor ou arranjador (ou ambos). No caso de compositores bastante estudados, selecionar de sua biografia o que tem relação direta com a obra estudada. A ideia é fazer a relação da obra com a vida, e não apresentar um resumo tão geral que não seja significativo.

    B) Informações sobre o autor do texto

Autor do texto:
Nascimento: Local – Data:
Morte: Local – Data:
Se anônimo ou coletivo, local de origem e época aproximada de criação:

Detalhamento: Biografia do autor do texto (ver nota acima, sobre a biografia do autor da música). Se anônimo ou coletivo, descrição do ambiente em que surgiu e se desenvolveu o texto

    C) Informações sobre o editor (há obras que possuem mais de uma versão, obras incompletas, obras reconstituídas, em que a presença do editor é fundamental. Em biblioteconomia, este tipo de revisor é citado como autor secundário).

Editor: Nascimento: Local – Data:
Morte: Local – Data:

Detalhamento: Biografia do editor (em caso de obras que dependeram de trabalho musicológico)


D) Informações sobre a obra

Título da partitura:
Título original:
Outros títulos:
Primeiras palavras do texto:

Edição:
Local da editora:
Código ou número de catálogo:
Coleção, Série ou outra referência:
Data da edição:
Referências a edições anteriores:

Partes em que se divide a obra (no caso de obra em vários movimentos ou seções, ciclos de canções, oratórios, óperas ou outros semelhantes):
Conjunto ou obra maior de que faz parte (no caso de um excerto):

Palavras-chave: (termos que identificam características marcantes da obra, podem estar ligados à temática, à forma, à literatura, etc. Exemplo: Missa, Oratório, Natal, Shakespeare, coro infantil, etc)
Caráter da obra: (Por exemplo: religioso, cerimonial, patriótico, revolucionário, etc)
Situação para qual foi escrita a obra:
Dedicatória:


Idioma da partitura:
Idioma original: (é comum que a obra seja traduzida para o idioma da editora, indicar o idioma original pelo compositor ou 1ª edição)
Data da composição:
Data da primeira apresentação:

Gênero/Estilo/Forma:
Período (nome ou século):
Tipo de coro (misto, infantil, vozes iguais, feminino, coro duplo, etc):
Número de vozes: (ex: a 4 vozes, a 8 vozes)
Vozes do coro: (Exemplo: 2 sopranos e barítono)
Vozes Solistas:
Acompanhamento: Ex: para solistas, coro, 2 pianos e percussão)
Instrumentação, número de Instrumentos: (em caso de mais de uma versão, indicar as existentes e a que está sendo analisada)
Instrumento solista: (diferenciar do instrumento acompanhador)
Redução para: (indicar a existência de edição em redução e informar se trabalhou sobre redução ou partitura completa)

Duração: (pode ser a previsão, geralmente indicada na partitura, ou as durações encontradas nas gravações utilizadas, neste caso, indicar a gravação)

Sistema de Referência: (tonal, modal, atonal, ...)
Tonalidade/Modo: (indicar as diversas tonalidades/modos, em caso de obra com várias partes, além da tonalidade da obra)
Andamento: (idem)
Compasso: (idem)
Textura predominante (monodia acompanhada, polifonia, homofonia): (indicar o que prevalece em cada parte, pode ser em uma tabela, no caso de muitas partes ou seções)

Tessituras das vozes: (indicar as vozes do coro e as tessituras encontradas. Idem para os solistas)

Dificuldade para o coro (Ex: de A-fácil- a E-difícil)
Dificuldade para o regente (Ex: de A a E)

E)     Informações sobre o Texto

Idioma utilizado:
Idioma original:
Tradução do texto utilizado:
Tradutor/Adaptador:
Obra de referência do texto:
Data de criação do texto:
Palavras-chave:
Caráter do texto:
Uso litúrgico (para textos religiosos):
Festas ou comemorações a que está ligado (em textos populares ou tradicionais):
Acontecimentos relatados:
Mitos ou lendas referidas:
Personagens citados:
Tradução para o português:
Tradutor para o português (ou fonte utilizada, no caso de encartes de CDs ou sites que não indicam o tradutor)


F)     Análise, comentários e observações finais:

____________________________________________________________________



Como citar o artigo a seguir:

IGAYARA-SOUZA, Susana. Repertório Coral: Alguns aspectos sobre a Edição de Música (preprint). In: CANÇÃO CORAL BRASILEIRA: Repertório e Educação, História e Práticas Culturais. Relatório final de atividades e de pesquisa referente ao período de estágio probatório em RDIDP (2004- 2010). São Paulo, Universidade de São Paulo, 2010. pp. 95-99.
Versão eletrônica disponível em: palcosepaginas.blogspot.com


 Repertório Coral: Alguns aspectos sobre a Edição de Música
Susana Cecília Igayara-Souza

Os regentes corais têm hoje à disposição um imenso acervo de obras, ao menos potencialmente.  Este acervo abrange culturas diversas, um largo período de tempo, que se amplia cada vez mais em direção ao passado, e ainda uma grande diversidade de gêneros, das manifestações da cultura letrada aos universos populares transmitidos originalmente por tradição oral, incluindo também as manifestações populares urbanas transmitidas preferencialmente pelos meios de comunicação de massa.
            Essa multiplicidade sonora, cultural e linguística que forma o amplo espectro do repertório coral à disposição do regente comum, aqui no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, é transmitida, perpetuada e renovada pelo mercado editorial, que por sua vez existe graças ao estabelecimento de um código de notação de música que se tornou um padrão comum entre países de culturas diversas. É através desse código, a notação musical, que esse enorme repertório pôde ser compartilhado, inclusive nas bases de dados e bibliotecas digitais.
            Associada à notação musical, estão as transcrições fonéticas (outro código compartilhado) e as tabelas de aproximações fonéticas, com comparações entre os sons da língua original e os sons da língua do público a que se destina a edição, como elementos auxiliares na ampliação do repertório para além das fronteiras nacionais e linguísticas. Em termos da nova cultura digital, que aos poucos se impõe, já é possível comparar rapidamente as edições disponíveis com exemplos sonoros (em áudio ou vídeo), inclusive com relação à pronúncia por falantes nativos, o que já vêm sendo explorado por editoras musicais que publicam materiais impressos, mas oferecem arquivos sonoros na internet.
            A publicação de música é parte da história social, e passou a existir em função de alguns fenômenos históricos que ocorreram a partir da Renascença: a invenção da imprensa, o crescimento do capitalismo, que propiciou que a publicação de música se tornasse um negócio lucrativo, e a existência do compositor e dos músicos profissionais, o que tornou a publicação de música uma necessidade.  
            A expansão do repertório, portanto, esteve ligada aos interesses da expansão comercial, estabelecida por um mercado supranacional (o que foi conseguido graças ao código de notação musical, como já expusemos) e sujeita às legislações nacionais e internacionais que regulam os direitos autorais das composições musicais e dos textos utilizados na música vocal, incluindo a cessão desses direitos às casas editoras.
            As dificuldades de acesso às partituras, que foram um problema constante na prática coral brasileira durante o século XX, estiveram ligadas às dificuldades de aquisição de material (principalmente considerando que grande parte desse material depende de importação) e às dificuldades linguísticas, no caso de edições que não se dirigem diretamente aos falantes do português.
Mesmo quando nos referimos às edições feitas no Brasil, continuamos tendo problemas de acesso, ou mesmo de conhecimento do que há editado, pois a rede de distribuição e divulgação das edições nem sempre é eficiente, embora estejam sendo criados mecanismos cada vez mais eficazes por grupos de interesse, utilizando as ferramentas que deram origem ao conceito de “redes sociais” e que agora começam a ser utilizadas também por comunidades acadêmicas e artísticas.
A existência de um mercado fraco, ou quase inexistente, em termos de edição de música coral, fez com que grande parte da música publicada no Brasil  durante o século XX estivesse ligada a programas públicos, através de fundações culturais, secretarias, ministérios e universidades, que nem sempre investiram na divulgação, na distribuição e na promoção de reedições, pois muitas vezes essas edições foram fruto de projetos de incentivo e não de investimentos comerciais. Os movimentos editoriais mais fortes, pensando no canto coral, aconteceram naqueles momentos em que se combinaram políticas de Estado, divulgação institucional e edições bem dirigidas e comercializadas a preços acessíveis, como aconteceu na época de Villa-Lobos com o Canto Orfeônico ou no Projeto Villa-Lobos da Funarte.
Reflexões sobre o significado histórico e social da publicação de música fazem parte da reflexão mais ampla sobre a profissão de regente coral, sobretudo para o regente em formação. Este texto, portanto, tem o propósito de situar regentes, educadores e pesquisadores diante do tema amplo que é o da publicação e edição de música, para que a busca de repertório para as diversas práticas corais possa estar ligada a um conhecimento mais preciso sobre os tipos de edições disponíveis e sua adequação ao projeto prático em questão.

                        Impressão, Edição, Publicação, Editoração

Os termos que usamos possuem, às vezes, significados dúbios. Antes de iniciar uma discussão mais aprofundada sobre materiais disponíveis, convém esclarecer alguns termos.
Impressão é a técnica de produção de muitas cópias idênticas, a partir de um original. Os processos iniciais de impressão utilizavam a superfície plana da madeira, pedra ou metal gravados. A impressão por tipos (tipografia musical) só desapareceu completamente das casas de impressão por volta de 1960, segundo verbete de Edmund Poole no The New Grove´s Dictionary of Music and Musicians (SADIE, 1980). Atualmente, a possibilidade de impressão de arquivos digitalizados e a possibilidade de bancos de partituras e bibliotecas digitais (comerciais, privados, de centros de pesquisa ou bibliotecas de domínio público disponíveis online) permitirem o acesso e a impressão doméstica de seus arquivos, sejam eles abertos (gratuitos) ou mediante pagamento.
A edição musical é o trabalho de preparação para publicação, e diz respeito às escolhas feitas na apresentação desse material, principalmente quando se trata do trabalho de uma outra pessoa que não o compositor.
A publicação musical envolve a obtenção da obra a ser publicada, a partir de trabalho do compositor e/ou editor, financiamento da impressão, promoção, publicidade e distribuição das cópias.
Editoração é o trabalho de preparação técnica de originais. Chama-se editoração eletrônica o conjunto de atividades ou processos de montagem e apresentação gráfica, realizados por meio de programas e equipamentos computacionais. Portanto, o trabalho de editoração não se confunde nem com a edição, nem com a publicação, embora possa gerar uma impressão.
         Os quatro termos, portanto, embora estreitamente relacionados, designam atividades diferentes. Feitas estas distinções, passaremos a analisar alguns termos ligados à edição musical. O conhecimento desses termos, e da concepção editorial que neles está envolvida, tem o objetivo de fazer com que o regente coral possa escolher e utilizar as edições disponíveis, de acordo com seu objetivo e seu grau de conhecimento de tal repertório.

Edição Completa,
(Collected Edition, Complete works (Inglês), Gesamtausgabe, Sämtliche Werke, Werke (Alemão), Opera Omnia (Latim), Oeuvres Complètes (Francês)
Apresentam a obra completa de um autor, em vários volumes, num empreendimento que pode ser planejado para vários anos. Exemplos: Claudio Monteverdi – Opera Omnia, J. S. Bach – Werke

Monumenta (Latim), Monumentos
Denkmäler (Alemão), em inglês podem ser também Collected Edition, Complete edition ou ainda Monuments (também em francês)
Uma edição em vários volumes cujo objetivo é disseminar um repertório unificado de importância histórica, definidos por critérios nacionais ou  cronológicos, por exemplo. Podem utilizar uma única fonte ou fontes fortemente relacionadas. Exemplos: Musica Britannica, Monumentos de la música española.

Antologias
Referem-se a publicações históricas de seleções e excertos de fontes variadas, podem ser pequenas ou grandes antologias. Podem ter finalidade didática, em nível crescente, podem apresentar a escolha de um editor, podem ser agrupadas por gênero, nacionalidade, período. Exemplos: Antologia Coral (Graetzer)

Practical edition, performing edition (inglês)
Edição interpretativa ou de intérprete, edição prática. Muitas vezes traz apenas o nome do revisor ou intérprete, geralmente um grupo vocal ou regente conhecido por suas gravações e performances, tidas como modelo para a edição que leva seu nome.
Este tipo de edição traz informações detalhadas para performance, incluindo ornamentação, fraseado, articulações, sugestões de instrumentação, com base no conhecimento estilístico de um renomado intérprete. Este tipo de edição torna a música acessível a um grande número de músicos, e se constitui num importante documento sobre a história da interpretação da obra. Muitas vezes, este tipo de edição não indica as fontes utilizadas, o que torna difícil a distinção entre adições interpretativas e o texto original do compositor. Mais recentemente há edições práticas que tomam o cuidado de explicitar a intervenção editorial, satisfazendo às exigências práticas e, ao mesmo tempo, às exigências acadêmicas.

Urtext
Literalmente, "texto original", um termo que começou a ser usado no final do século XIX, como reação às edições interpretativas, que não permitiam o conhecimento das fontes originais. Designa uma edição que apresenta a partitura em seu estado original, sem intervenção editorial. O termo foi comercializado por casas editoras, especialmente G. Henle. Após um período de grande aceitação, atualmente a ideia de edições Urtext é discutida e ressignificada, principalmente no sentido de que qualquer edição musical envolve, necessariamente, a intervenção crítica do editor.

Edição Crítica, Critical edition (inglês)
Uma edição destinada a apresentar, para o estudo e a performance, a melhor leitura da obra, baseada em fontes originais. Faz uso de técnicas acadêmicas de crítica textual, incluindo a comparação e transcrição de fontes. Corrige erros óbvios e apresenta variantes, quando encontradas. Pode incluir um comentário crítico, também chamado Critical apparatus ou Kritische Berichte (alemão)

Edição fac-símile (também chamada edição mecânica)
Reprodução de uma fonte original, manuscrita ou impressa, para fins de estudo ou performance. Embora os fac-símiles tenham tornado disponíveis fontes difíceis de serem consultadas, eles variam em qualidade, dependendo da técnica fotográfica empregada. Pode ou não conter comentários adicionais. Às vezes são incluídos fac-símiles em edições completas de música ou em obras  teóricas. Estritamente falando, fac-símiles não são edições, pois são reproduções de uma edição anterior ou de um manuscrito. A ampliação dos recursos eletrônicos expandiu enormemente a quantidade de fac-símiles disponíveis, tanto de fontes manuscritas como de primeiras edições, ou de edições esgotadas e anotadas.

Outros termos ligados à edição:
Edição diplomática – tentativa de reproduzir todos os detalhes do original, sem corrigir erros, o mais fiel possível ao original.
Edição exegética – o mesmo que edição crítica
Edição expurgada – são eliminadas passagens julgadas inconvenientes
Edição integral – não abreviada nem expurgada
Edição paleográfica – transcreve exatamente, na grafia original
Edição princeps – a primeira edição, edição príncipe
Edição autorizada – que recebe aprovação expressa do autor ou dos direitos autorais
Edição atualizada – com acréscimos e modificações
Edição de bolso – em formato pequeno, para estudo
Primeira edição (Erstdruck) – a mais antiga impressão de uma obra
Edição genética –  edição crítica que se centra na gênese da obra e suas transformações, analisando versões, acréscimos e supressões.

Licença Creative Commons
A obra Repertório coral: alguns aspectos sobre a edição de música de IGAYARA-SOUZA, Susana Cecília foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Podem estar disponíveis permissões adicionais ao âmbito desta licença em susanaiga@gmail.com.