quinta-feira, 8 de março de 2012

As mulheres na história da educação musical no Brasil.


Minha reflexão sobre o dia das mulheres:

Durante quatro anos, pesquisei a produção escrita por mulheres sobre música. Esses textos de professoras-autoras mostraram-se parte de uma produção diversificada, muito ligada à prática do ensino de música nas escolas, nos conservatórios, nos cursos superiores e no ensino privado. Considero-me uma pessoa de sorte: fui orientada pela Cynthia Pereira de Souza (FEUSP) e tive em minha banca Maria Lúcia Speedo Hilsdorf (FEUSP), José Eduardo Martins (ECA-USP), Maura Penna (UFPB) e Aníbal Bragança (UFF/FBN). Na qualificação, além da Profa. Maria Lúcia estava Marta Maria de Chagas de Carvalho (FEUSP). Quem trabalha nas áreas de História da Educação, Musicologia, Educação Musical e História do Livro e da Leitura pode imaginar a qualidade da orientação, das arguições e dos comentários desses excelentes pesquisadores!

Usar a noção de “gênero” como categoria de análise e abordar toda a primeira metade do século XX foi um grande desafio. No final do meu trabalho, descobri 46 autoras com 100 títulos publicados. Isso não esgota a produção das mulheres nessa história da educação musical no Brasil, mas dá uma ideia do potencial explicativo, muito além das visões estereotipadas (principalmente sobre o canto orfeônico) que circulam mais amplamente. Isso porque essas fontes não estavam muito visíveis... Boa parte dos textos só podem ser achados em Bibliotecas, em acervos pessoais, ou perdidos nos catálogos dos sebos. Mas como, em pesquisa, uma fonte leva à outra, fui descobrindo e analisando essa produção. 

Alguns assuntos foram especialmente motivadores: a relação entre a educação recebida e a produção escrita; a     alternância entre a atividade docente e a atividade artística; a participação das mulheres nas atividades musicais, entre o amadorismo e o profissionalismo; a dinâmica da ocupação de espaços e da disputa de postos de trabalho nas carreiras musicais; a presença dos textos memorialísticos e das referências autobiográficas nos textos produzidos, apenas para citar algumas. Quantos assuntos que não se esgotaram na tese de doutorado e agora povoam minhas disciplinas na graduação,  motivam o oferecimento de uma disciplina de pós-graduação, fazem com que eu tente definir mais claramente os próximos projetos de pesquisa.

Aos que pensam que tudo acaba na defesa de doutorado, digo que não! O trabalho continua... Agora estou adaptando e revisando a tese para a publicação de artigos, preparando comunicações para congressos e ainda pensando se transformo parte dessa pesquisa em livro, para facilitar uma divulgação mais ampla. 

Adoraria também saber de outros pesquisadores que estão trabalhando com a história da educação musical, com a produção sobre música na história do livro e sobre a presença das mulheres nas práticas musicais, ao mesmo tempo em que me empenho em  motivar os jovens a pensarem e optarem pelo caminho da pesquisa sobre o repertório, sobre a produção escrita sobre música, sobre a história da educação e das práticas musicais no Brasil. 

Para quem encara a leitura acadêmica, a tese já está no banco de teses e dissertações da USP. link

sexta-feira, 2 de março de 2012

A nova fase da Revista Música (ECA/USP)

A Revista Música, publicada pela ECA-USP, foi fundada e teve como editor o professor titular José Eduardo Martins, pianista e musicólogo. Depois de sua aposentadoria, a revista foi interrompida e agora é retomada, tendo por editor o professor Mário Videira. Foi também associada ao Programa de Pós-Graduação. Como parte dessa retomada de uma publicação que teve grande colaboração internacional, foi feita a digitalização dos números anteriores. 

Incluí na página de minha produção acadêmica os links para os dois artigos que publiquei na Revista, um deles em 1999 e outro em 2006. Em 1999, eu estava totalmente mergulhada no estudo da obra de Claudio Monteverdi, ao mesmo tempo em que fazia meus estudos de mestrado sobre Henrique Oswald. É sobre a obra deste compositor brasileiro o artigo de 2006, já depois de cinco anos do término de meu mestrado sobre sua obra sacra coral. Monteverdi continua presente em minhas aulas de Repertório Coral na graduação em Música na ECA-USP.     Veja aqui